Antonio de Aquino Pictografado por Dinorah A. Simas Enéas, a lápis e a 'crayon'.

Autobiografia

"Que o amor único de Deus inspire todas as almas para o Bem"

Meus irmãos:

Eu vim para vos contar uma história.

Em meados do século XVII nascia, em Piza, um filho de família nobre, na opulência da sua nobreza e na esperança da sua vida.

Nascia, como as flores nascem, quando uma gota de orvalho cai sobre o botão que se abre; despontava para a vida como um astro desponta quando a noite cai.

Cresceu e, crescendo, foi sendo receptáculo de todas as desventuras que podem vir a um ente da terra.

Morta a sua família, morto o seu pai, os seus irmãos, desprezado pelos parentes, por questões de dinheiro, de haveres, dei­xaram o pobrezinho, ainda inocente, que foi levado por sua mãe, única pessoa que lhe restava, para a mendicidade. E, desprezando a sua dor - porque em face da dor materna tudo se despreza - procurou alentar e socorrer sua mãe, que mais do que ele sofria.

Procurou trabalhar. Tinha 8 anos; que podia fazer uma criança para sustentar e salvar sua mãe?! Muito fez, porém.

Veio-lhe a doença, porque tinha que sofrer e não bastava o que até ali tinha recebido. Perdeu sua mãe num leito imundo de hospital. Quase indigente, e levado por mãos vis, o pobrezinho acompanhou-a até a tumba, onde depositaram o seu corpo no último abrigo da terra e chorou, como choram os inocentes.

Flores foram as lágrimas que caíram sobre a sepultura. E, com 8 anos de idade estava lançado à vida, numa cidade grande, um pobrezinho, infeliz, que tinha tido até ali a ilusão de uma mãe e dos parentes e agora, o desprezo e mais nada. Atirou-se à vida, ao trabalho, e... cresceu. Não tinha tido outra esperança, outro conforto, outra resignação que não fosse a de Deus.

Ensinaram-lhe, em pequeno, a dizer alguma coisa, a rezar para o Pai; que o Pai atenderia aos inocentes. Rezava sempre e sempre porque sentia a sua consciência inocente e era atendido. Quando chegou a sua idade em que se poderia dizer homem, outra infelicidade maior caiu-lhe em cima, quase fazendo com que desanimasse da vida tenebrosa. Cidadão, depois de homem, com tantos trabalhos, com tantas lágrimas e tantos sofrimentos, talvez porque chorasse demais, os seus olhos fecharam-se para a luz, quase totalmente.

E, quase cego, o que poderia fazer o pobrezinho, na torrente impetuosa do destino? Lutar. Mas, lutar, sim, só, desprezado da própria vida; lutar, sempre. Deus era a esperança da sua alma e só para Deus poderia servir, porque para os homens de nada valia. Entrou para um convento que lhe abriu as portas, quase por caridade.

Entrou, fez-se padre e, no convento viveu sob o seu hábito de sacerdote, de religioso, ensinando a doutrina santa, que havia aprendido. Entretanto, reconhecia que, nem tudo que professava e ensinava era verdade e, procurou no seu silêncio, na sua cela, selecionar aquilo que fosse ouro e aquilo que fosse falso, e, um belo dia, missionário, saiu pela Europa, pregando, ensinando, alevantando almas, confortando com a sua palavra, animando aos desanimados, encorajando aos desamparados e, assim, viveu.

Quando voltou para o seu convento as portas se lhe haviam fechado e haviam lançado sobre sua pessoa o título de hereje, porque quis um Deus verdadeiro e porque ensinou que não queria remuneração porque era a doutrina de Cristo.

Cego, desprezado, hereje, na miséria, já na velhice, que poderia fazer o pobrezinho senão ter esperança no Pai e esperança em Deus! Caiu para a vida e caiu com o baque da fatalidade sobre si. Adoeceu e morreu. Morrendo compreendeu definitivamente a sua situação.

Partiu para o espaço e lá teve a confirmação do que ensinou, e, deu graças a Deus de não ter ensinado errado. Continuou a pregar pelo espaço. Os anos caíram sobre a terra transformando-a muito.

Continuou ensinando, sempre. Onde podia salvar, onde apodia ajudar, lá estava, espírito ou homem, lá estava, ajudando sempre, sempre ensinando o bem e o amor.

Continuaram os anos, e apesar disso, as suas obras foram se multiplicando, com a graça de Deus, dentro da vida e fora da matéria.

Ontem era um pobrezinho morrendo na Itália, depois era um espírito, errante, ensinando o bem, aqui ou ali. Ali consolava uma mãe que chorava; aqui orientava um pobrezinho para a luz e, hoje, está entre os seus amigos contando uma história.

Ontem era um pobrezinho morrendo na Itália, depois era um espírito, errante, ensinando o bem, aqui ou ali. Ali consolava uma mãe que chorava; aqui orientava um pobrezinho para a luz e, hoje, está entre os seus amigos contando uma história.

Antonio de Aquino

(Mensagem psicografada pelo médium Gustavo Pontes na Cabana de Lysis em 1927)

Espero o dia da paz entre os homens. Espero vê-los irmãos, na comunhão dos deveres e do destino.

E, quando a Terra tiver evoluído e os dias passados, talvez que ecos destas palavras simples, ainda estejam dizendo o nome de Deus pelos recôncavos dos corações.

Mas, passados os dias das minhas palavras, desaparecida a lembrança do meu nome; sucumbido o último resquício da minha saudade, eu serei sempre alguma coisa viva e indômita, um cântico de paz, um raio de luz, um clarão de fé, mas uma consciência sempre satisfeita do dever que cumpriu e do amor que espalhou.

A todos os homens da Terra, a todos os Espíritos do espaço, a toda a vida universal, a paz bendita que conforta, e o amor único de Deus, alavanca a impelir todas as coisas para o Bem!...

Antonio de Aquino