Os Socorristas do Espaço
Mais uma vez estávamos reunidos em nossa colônia, ouvindo uma bela obra musical, nem sempre valorizada como merece, pelos irmãos que ora habitam a Terra.
Relaxamo-nos para ouvir a Traviata, de José Verdi, grande compositor italiano que viveu mais de 80 anos com as antenas ligadas na harmonia universal.
O salão onde estávamos ficava impregnado de uma atmosfera altamente positiva, de onde tirávamos muito ânimo para os nossos trabalhos. São recursos às nossas mãos, que temos no plano em que habitamos. Que Deus nos abençoe sempre, para que possamos repartir com os homens esse bem estar espiritual.
Naquela noite, entramos em uma câmara magnética na nossa colônia, para ativarmos as nossas percepções, por intermédio de altos instrutores adestrados nesta arte divina, objetivando o nosso estudo sobre a vida mais sutil. No entanto, poderíamos voltar ao nosso estado natural, desde quando a vontade assim o requeresse. Nós somos anjos em potencial, dormindo em nós todas as qualidades dos espíritos puros. Essa é a nossa esperança.
Estava faiscando de vontade de usar os poderes até então adquiridos e poderia fazê-lo quando bem o quisesse; não obstante, fomos advertidos para o seu bom uso. Despedimo-nos dos companheiros do salão, que nos desejaram boa viagem e bons serviços, e aprumamos nos espaços de Deus. Todos estávamos esperançosos e eu, com as aulas que recebera de como usar a minha vontade, logo experimentei: concentrei a mente nos pontos indicados e senti subir na minha espinha espiritual uma espécie de fogo que, enquanto subia, provocava o crescimento da minha percepção e a visão se abrindo, sob o controle da vontade, e eu podia observar qualquer coisa no espaço infinito, melhor do que pelo telescópio do Monte Palomar, ou inverter e observar as microvidas bem mais nítidas do que o mais moderno microscópio eletrônico pode oferecer.
Concentrei meus pensamentos na atmosfera em que respirávamos, e fui vendo uma coisa espantosa: nós estávamos viajando em um mar de energia cósmica. Procurei saber o que era aquilo, e alguém me segredou:
- Isso, Lancellin, é o grande oceano etérico que interpenetra tudo, que dá vida e faz mover as vidas. Mas ele se modifica de conformidade com o ambiente em que chega. Isso é o Prâna dos Indianos, o Hálito de Deus. Para finalizar, isso que observas pelos teus dons dilatados, é o amor, em sua plena função.
Observei mais, e notei uma leve música partindo do turbilhão imensurável de energia, e foi-me explicado que a melodia era ouvida de acordo com a elevação de cada um de nós, ou seja, pelo poder mental e as condições espirituais de cada espírito, poderíamos ouvir o que pretendêssemos, sob a regência da grande orquestração universal.
Sei das minhas deficiências, sou consciente de que não merecia o que me foi concedido. Senti uma imensa gratidão por Deus, e aqueceu-se em minha mente uma ideia sobre o quanto vale a caridade, o interesse de ajudar por amor. Sei, entretanto, que fiz o mínimo em favor dos outros. Remoí no coração esses sentimentos.
Fiz uma experiência, isso em plena viagem, e não sei se os meus companheiros fizeram o mesmo. Com certeza, cada um estava aplicando a sua vontade em algum ramo de experiência válida. Depois vamos conversar sobre isso. Comecei a formar ideias negativas e em um instante, já não via nem sentia mais a energia luminosa que me cercava como se fosse um mar, e passei a ouvir um barulho esquisito; a visão foi desaparecendo e no mesmo momento não percebia os meus companheiros, e a escuridão assomou em meu caminho.
Gritei pelos irmãos, porém, eu mesmo tinha a intuição de que os meus gritos não tinham repercussão no campo em que eu projetava os sons. Emiti fortes pensamentos, mas, eles não safam da minha mente, como se estivessem em circuito fechado. Que coisa horrível! ... Lembrei-me, então, da paciência de Deus e Cristo e orei com humildade. Fui voltando às ideias elevadas, concentrei-me no amor e o senti por todos os seres viventes; com todas as minhas forças, isolei-me gradativamente dos pensamentos que formei antes e tornei a ver como antes.
Dei um "graças a Deus" em tal altura, que mais parecia um trovão. Eu estivera em um ambiente terrível, que não posso descrever aqui, todavia, mãos amigas socorreram-me, e retornei à viagem sem outros incidentes a mencionar.
A evolução é coisa muito séria. Eis porque é gradativa. Não se pode ativar o estado evolutivo em criaturas que não têm a capacidade de saber usá-lo, pois torna-se pior para a sua vida espiritual. É uma maravilha uma mente educada, no entanto, essa educação tem um preço muito alto na escada de Jacó, para nós, que estamos envolvidos com as coisas da Terra. Ela requer suor, lágrimas e sacrifício, e o maior dos sacrifícios é eliminar o egoísmo do coração, acostumado na usura e no amor próprio.
Íamos descendo, com o verde já as nossas vistas. Notávamos do alto um grande risco na Terra e, de quando em vez, luzes mostrando o roteiro: era uma rodovia. Miramez aguçou os ouvidos e nos disse:
- Temos trabalho urgente, alguém nos pede ajuda.
Acabamos de descer, em um segundo. De um lado da estrada via-se um grupo de entidades preocupadas, e logo tomamos conhecimento do caso: eles tinham observado um lote de espíritos inferiores planejando a queda, em um abismo, de um ônibus que já saíra da rodoviária em direção a outra capital. Quando chegamos, eles se animaram, e o chefe socorrista adiantou-se, falando a Miramez, com esperança:
- Caro irmão em Cristo, permite que nós beijemos as tuas mãos por gratidão, pelo alívio que estamos sentindo com a tua presença. Que Deus vos abençoe!
Não aceitamos aquela reverência, pelo menos eu, diante das minhas condições espirituais, que não são boas. Talvez aqueles companheiros das estradas estejam com os fardos mais leves do que o meu, e jugo mais suave do que o que carrego nos ombros.
Miramez abraçou-os como irmãos em Cristo, seguido por todos nós, e nos pusemos à disposição daqueles trabalhadores. Notávamos o grupo inquieto pelo tempo que passava. Miramez nos pediu, nestes termos:
- Ativai as vibrações. Quero crer que no meio dos espíritos desequilibrados que se reúnem para o mal, haja alguns de visão mais apurada, e é bom que eles não nos vejam. Eu vou ficar acima deles com Kahena, e vós ficai em baixo, rente ao chão, porque já observei que eles armaram a armadilha dos lados da estrada e lá estão instalados há horas, com planos delineados para jogar o veículo no despenhadeiro.
Para tanto, eles têm o empenho de um magnetizador das trevas. Esse é o primeiro ato em quase todos os desastres, para fazer o motorista dormir ou cochilar, porque aí fica mais fácil sugerir um golpe no volante na mente de quem está dirigindo o carro, o qual refletirá nas mãos físicas do mesmo. Outra turma deles entra no veiculo para estimular piadas picantes e pensamentos inferiores, formando assim, o ambiente propício para o trabalho das trevas.
Abordarei primeiro o líder das sombras, que é o magnetizador; com ele neutralizado, os outros se desequilibrarão, e quando notardes que o nosso trabalho foi feito, invadi o veículo e iluminai-vos dentro dele, que eles não irão suportar.
Nesse momento, o carro visado surgiu no outro lado da estrada que o pontilhão divide. Estávamos todos habilitados para o serviço. Dois dos espíritos das sombras estavam volitando acima do solo a uns quinze metros de altura, um de cada lado da estrada, concentrados, e pude observar pela visão à distância, a feição dos dois: eram mal encarados; notava que partia das suas mentes uma corrente de forças em direção ao local escolhido para a queda do ônibus. Um punhado deles ia andando na rodovia ao encontro do carro. Quando vi o coletivo, tive um calafrio. Aproximei-me do Padre Galeno, e ele entendeu a minha preocupação.
- Tem fé, meu filho, Deus nunca falta com o Seu socorro aos que buscam amparo com o coração no amor.
Ainda mais, lembrei-me de que nós tínhamos Miramez à frente do trabalho. Quando o ônibus foi-se aproximando do local, notei que o motorista baixou as pálpebras, com os olhos cansados. Procurei analisar de onde vinha o que o perturbava, e vi como que duas linhas de um azul escuro, mas, com certas claridades, que partiam de dois olhos grandes, as quais confundiam a visão do motorista. Parecia, ainda, que eles se utilizavam do para-brisa e do espelho ao lado, para o seu infernal trabalho. Eu pouco trabalhava, a fim de poder observar todo o ocorrido.
Miramez estava mais acima deles e pude notar uma coisa extraordinária: ele, concentrado, iluminou-se todo, mas, a iluminação maior era em suas mãos, que pareciam dois sóis. Contudo, as claridades eram diferentes uma da outra. Ele, com o semblante sério onde se notava fluir um teor energético indescritível, quando já estava bem perto do local escolhido pelas trevas, juntou as duas mãos, e delas partiu um raio, que depois fiquei sabendo ser dirigido pela sua potente vibração, bem em direção ao magnetizador.
Atingido, aquele espírito tombou de lado dando um grito, diante do inesperado. Ele estava mais ou menos ligado com o motorista do coletivo e esse quase, dormindo, se assustou, pois escutara alguém gritar, acordando sobressaltado. Recompôs-se, diante da sua obrigação, firmou as mãos no volante e passou no pontilhão já com quase cem quilômetros horários. Entramos no veículo no mesmo instante, e nos iluminamos. As entidades das trevas, dentro do veículo, saíram espavoridas pelas janelas, outras entravam debaixo dos bancos, gritando. Respiramos aliviados, pois o carro já corria sereno em uma grande reta. Quando o ônibus parou mais adiante em um restaurante, para o costumeiro descanso, o motorista abriu a porta, meio cansado pelos fluidos negativos do magnetizador e perguntou aos passageiros:
- Qual de vocês gritou aí dentro? Ouvi um grito e estive às portas do desequilíbrio no volante!
Ninguém tinha gritado. O motorista, sem graça, notou que tinha cochilado e passou a temer a viagem. Nós nos reunimos todos por ali mesmo, e os espíritos do grupo de socorro das estradas nos agradeceram efusivamente, dizendo:
- Se não fôsseis vós, só Deus sabe o que poderia acontecer! A curiosidade queria me levar ao local do quase acidente outra vez, para observação de como ficaram os irmãos das sombras. Miramez, notando minha disposição, falou com brandura e sabedoria:
- Lancellin, essa força que nos impulsiona a isso não é nada boa para os que querem aprender o amor com Jesus Cristo. Não devemos alegrar com os infortúnios dos irmãos entregues ao erro. O tempo se encarregará deles, como cuidou de nós em outras épocas!
Baixei a cabeça e senti que era verdade. Eu ia me alegrar verdadeiramente com o fracasso deles, quando deveria ter piedade e orar por eles. Busquei o nosso irmão para outra pergunta, que deveria ser feita anteriormente, mas, que omiti por faltar oportunidade:
- Miramez, poderias nos dizer por que foi que eu perdi a visão, que estava sendo celestial na ativação dos meus sentidos, e não pude mais ver os companheiros da nossa equipe?
Miramez, serenamente, respondeu:
- Meu filho, isso tudo é problema de sintonia, como bem conheces. Quando o espírito está encarnado, é mais demorado dar vida ao que pensa; quando em espírito, é mais rápido. Principalmente sendo a alma mais evoluída, ela muda de faixa com maior rapidez. Foi o que ocorreu contigo.
Arrisquei outra pergunta, para acalmar o coração.
- Eu não vi mais aquele fluido universal que parecia um oceano em uma cadência indescritível que chegava à fascinação, facultando-me um conforto sem comparação. Ele desapareceu mesmo? Não o senti mais!
- Esse fluido divino nunca foge de ninguém, nem desaparece de lugar algum; ele é uma essência de Deus, pela qual Ele recolhe todas as informações da Sua criação, até mesmo a microssinfonia dos átomos. Tu é que te isolaste dele pelo magnetismo negativo desprendido da tua mente em adestramento! Quanto mais a alma evolui, mais se integra nas suas correntes de luz, recebendo o amor de Deus por esse veículo de caridade.
Alguns místicos do passado idealizaram uma contagem de vibrações do éter, que é esse mesmo fluido.
Como se enganaram! Elas são incontáveis, e mudam de conformidade com o ambiente onde operam, ajudando e fazendo presente o Criador.
Pensei em escrever alguma coisa para que os homens pudessem conhecer essa bênção de Deus, porém, Miramez notando minha inquietação, alertou-me:
- Lancellin, na Terra existe muita coisa escrita sobre esse hálito do Senhor. Está dependendo das criaturas modificarem os métodos de viver e de pensar. Falta-lhes certa evolução para tanto.
O éter divino se afina por excelência com a harmonia, porque tudo que foi criado, foi feito com harmonia. Ele tem uma sensibilidade sem par; ele é o magnetismo de Deus que viaja nas asas do amor em favor de todos nós. Se faltar essa bênção dos Céus em algum lugar, a vida cessa. Silenciou por alguns instantes, e continuou:
- Olha, Lancellin, o corpo físico depende dessa energia divina para manter em forma e com saúde o corpo astral. Esse que ora usamos e que nos serve de vestes, está apropriado pelos centros de força, com raízes mais profundas do que se pensa, a filtrar esse éter que os humanos chamam de cósmico. Ele ativa os meridianos do corpo, já que corre nos seus canais luminosos, garantindo o equilíbrio. Ele se acumula mais no baço do ser humano, porque o seu depósito está no plexo solar do duplo etérico. Quando as pessoas se encontram enfermas, essa energia circula mal e, geralmente, pode-se dizer que a causa está na mente.
O mal é gerado na mente, no presente ou no passado, por isso que em todos os tratamentos dos seres humanos, e mesmo aqui no mundo espiritual, aconselhamos em primeiro lugar o passe e a água fluidificada. O passe, aplicado por pessoas que têm esse dom aflorado, faz circular essa energia, e a água magnetizada ajuda a substituição das células mortas, vitalizando os órgãos em decadência. Esses são alguns traços desta ciência que podemos mostrar-te.
Eu ainda não estava satisfeito, queria saber mais, e perguntei: - Se esses passageiros tivessem de sucumbir, como que em uma prova coletiva, eles receberiam a assistência que receberam?
- Depende, respondeu nosso guia.
Fiquei mais intrigado.
- Depende de quê?
Mansamente as palavras fluíram dos" lábios de Miramez:
- Neste caso, por exemplo, no último banco do coletivo vinha uma pessoa que sustentou a assistência de todos: era uma senhora de qualidades morais elevadas que, ao entrar no ônibus, elevou uma oração a Deus, pedindo que tudo corresse bem, pedindo a Ele as bênçãos para todos que com ela viajavam ... Dormiu em certo percurso da estrada e, desdobrando-se, foi até nossa colônia, como é de seu costume.
Sendo uma criatura de uma folha de trabalho muito grande, os nossos maiores a olham com todo carinho. Dizendo lá que estava viajando em um ônibus, recebi a incumbência de percorrer a via onde iria passar o coletivo, e foi o que fiz. Logo descobrimos essa cilada armada por nossos irmãos ignorantes, para brincar com vidas humanas. Dentro do ônibus viajava uma pessoa justa, com muito crédito no mundo que habitamos, e que ainda suporta um peso sobremodo elevado de uma família conturbada pelas provas, o qual merece todo o nosso esforço. E o fizemos com alegria.
Fiquei em dúvida maior! ... e perguntei:
- E se essas pessoas do ônibus tinham de passar por essa provação, que seria coletiva, como fica isso?
Respondeu Miramez:
- Que essa provação fique para depois. Há tempo para tudo, principalmente para provas coletivas. O nosso dever é, pois, proteger quem sustenta o Evangelho na Terra, pelas vias da vivência, seja em qualquer religião, filosofia, ou mesmo na política. O Evangelho na Terra é um fenômeno dos Céus, de grande interesse pelo Senhor. Ao justo, Lancellin, são facultados todos os meios de defesa; até a própria natureza o vigia em seus caminhos!
Fiquei querendo conhecer essa senhora, cujo nome omitimos a pedido dos nossos orientadores, criatura que merece tamanha atenção, até dos nossos maiores. Miramez meditou, e encerrou a sua conversa nestes termos:
- Lancellin, vê o que está escrito no Salmo trinta e sete. Versículo vinte e cinco: Fui moço, e já agora, sou velho, porém, jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o pão.
Até os familiares do justo recebem a misericórdia do Senhor, por estarem com ele vivendo. Assim sucedeu com os companheiros dessa senhora, no coletivo mencionado; eles receberam a graça dos nossos superiores, por serem companheiros de viagem de uma criatura reta e que respeita as leis de Deus.
Suspirei... Cresceu dentro de mim uma vontade de ser justo, de ser bom, de me autoanalisar, fazendo uma reforma íntima, no silêncio. Pensei: "Então o justo não se preocupa com o mal? Não tem medo de nada que o possa perturbar?"
Padre Galeno veio em meu amparo, dizendo:
- Claro!... Claro, meu filho, que o justo não se preocupa com o mal, porque toda a sua atenção está no bem. Ele ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.
Aí pensei com esperança: "Mas que felicidade! Hei de chegar lá, se Deus quiser".
Texto extraído do livro: "Iniciação - Viagens Astral".
Psicografia: João Nunes Maia.
Espírito: Lancellin.
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